Total de visualizações de página

sexta-feira, 26 de março de 2010

Literalmente os descaminhos da esquerda

As eleições presidenciais deste ano devem ser o maior fiasco da esquerda brasileira pós-PT. Não bastasse a provavel não existência da frente de esquerda (articulação que aconteceu em 2006 e que juntou PSTU, PSOL e PCB em torno da candidatura de Heloisa Helena), não bastasse os ataques vindos de fora do PSOL (mais precisamente os pronunciamentos do PSTU em relação a Plínio de Arruda Sampaio), agora, temos as próprias pré-candidaturas do Partido Socialismo e Liberdade se degladiando de maneira rasteira.
Segue nota da Secretaria de Comunicação do partido
Divulgamos abaixo a nota da Secretaria de Comunicação sobre a retirada da página do partido e da liderança na Câmara dos Deputados do ar. E informamos a todos e todas que já há um endereço provisório em funcionamento: www.psol-nacional.com.br. Em defesa da democracia e do posicionamento da base partidária.


SEQUESTRO SOBRE OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DO PSOL ATACA A DEMOCRACIA INTERNA


A retirada do site nacional do PSOL do ar, desde o dia 23 de março, pela minoria dos membros da executiva que apóiam a chapa de Martiniano Cavalcanti, constitui um grave ataque a democracia e a legalidade partidária. Além do site nacional do PSOL, também foi sequestrado o site da liderança da bancada e todos os e-mails das secretarias foram capturados e invadidos.
Desde esse dia a secretaria de comunicação e a secretaria geral tomaram as seguintes medidas: 1) informar a militância partidária do grave fato ocorrido; 2) recolocar o mais rápido possível um novo site no ar, com outro domínio, dado que o www.psol.org.br fora seqüestrado; 3) adotar medidas cabíveis para retomar o controle do site nacional do PSOL.
Os autores deste ataque contra os meios de comunicação oficiais do PSOL devem ter imaginado que esta ação não seria identificada pela maioria da executiva nacional. Mas após uma verificação nos registros na internet, constatou-se que o seqüestro do site nacional do PSOL havia sido feito pelo ex-assessor do ex-secretario de comunicação do PSOL, Martiniano Cavalcanti. Diante deste flagrante, os membros da minoria da executiva nacional que apóiam a candidatura de Martiniano Cavalcante tiveram que enviar uma nota ao partido assumindo que foram eles mesmos os responsáveis pelo seqüestro do site nacional do PSOL. Ou seja, dois dias após terem dado o golpe contra os instrumentos oficiais de comunicação do PSOL, e após terem percebido que seria possível identificarmos os responsáveis por este grave ato contra o partido, resolveram assumir a autoria desta ação de seqüestro do site nacional, através de nota emitida neste dia 26 de março de 2010 pela minoria da Executiva.

Nesta nota em que a minoria assume o seqüestro do site, tentar justificar o injustificável, afirmando que o golpe seria para defender a democracia no partido, que não estaria sendo respeitada, apontando como exemplo uma nota do secretário geral, Afrânio Bopprè, contestando a emissão de números extra-oficiais por parte de uma das candidaturas como forma de fazer valer ao partido um resultado duvidoso. Apontam que isso constituiria instrumentalizar o site para a candidatura Plínio. Trata-se de querer encontrar uma “Sarajevo” (falsa justificativa para iniciar a I Guerra Mundial) como justificativa para seus atos de ataque e desrespeito às instâncias partidárias e seus filiados.

Os símbolos, os instrumentos de comunicação, a bandeira do PSOL não têm donos. Não pertencem a nenhum de seus militantes, nem mesmo a sua presidente, mas a todos os filiados do PSOL. E tanto a secretaria geral, quanto a secretaria de comunicação, sabedores desses critérios, sempre agiram com imparcialidade com os instrumentos de comunicação do PSOL. As reclamações principais em relação a comunicação do PSOL não eram sobre o site, mas sobre a utilização exaustiva e exclusiva da lista de e-mails do PSOL desde a sua fundação, como spam e propagação de informações de apenas uma das candidaturas e sob controle do grupo de Martiniano. Ou seja, acusam os demais de praticarem exatamente aquilo que eles fazem no cotidiano: utilizar as instâncias partidárias para instrumentalizar suas posições, usar as comunicações do PSOL como forma de privilegiar uma única versão dos fatos, fazer uso de e-mails como forma de combater qualquer posição divergente, fazer da internet o campo da desqualificação política e do debate rasteiro.
A ação de seqüestro do site foi tão violenta que em nenhum momento os secretários de comunicação do partido foram comunicados da ação dos que agora assumem este ato. Simplesmente utilizaram da ação de hacker de Haldor Omar, através do registro do domínio do site do partido nos seus primórdios em uma associação que nem existe mais, para colocar fora do ar não apenas o site do PSOL, mas também o site da Liderança da Bancada Federal e invadir os e-mails das secretarias. Se a intenção dos que subscrevem a nota fosse de “zelar pela democracia partidária” não seqüestrariam de uma só vez além do site do PSOL, o site da Liderança do Partido na Câmara, além de invadirem o e-mail da secretaria geral. No site da liderança, instrumento informativo da Bancada Federal, não há sequer uma informação acerca da disputa da Conferência. Por isso nos estranha que queiram calar todos os meios de comunicação partidários que não estejam sob o estrito controle desta minoria e até mesmo nosso órgão de ação parlamentar. Por isso, esta atitude não passa de um golpe orquestrado por um setor que tenta deslegitimar a direção partidária, que não reconhece a legalidade das instâncias e da maioria da atual direção nacional e executiva, que se julga dona do partido e trabalha, neste momento, de modo consciente, para provocar uma ruptura no PSOL. É disso que se trata.

A falta de referência moral chegou a tal ponto que se dão ao luxo de divulgarem uma nota assumindo o próprio golpe que praticaram contra os meios de comunicação oficiais do partido, como se essa fosse uma atitude natural e legítima dos que se julgam proprietários do PSOL. Tomaram os instrumentos de comunicação do PSOL como propriedade do seu grupo, à revelia das instâncias e durante uma “madrugada”, como eles próprios confessaram. A Executiva Nacional já está tomando as providências necessárias e estamos fazendo o possível para ainda hoje termos um novo site nacional do PSOL no ar, com o domínio provisório www.psolnacional.com.br. Por último, reafirmamos a necessidade da Conferência Eleitoral Nacional e de nossas instâncias responderem a esse ataque. Não nos calarão!

Edson Miagusko - 1º Secretário de comunicação do PSOL
Fabiano Garrido - 2.º secretário de comunicação do PSOL

Tempos que não deveriam voltar

Espionagem de atividade de grupos de esquerda. Nâo, não estou falando dos anos de chumbo, o fato aconteceu no último dia 24, em Porto Alegre, durante a atividade da Assembléia Nacional dos Estudantes - Livre (Anel). Na ocasião, um debate sobre a ocupação de tropas no Haiti estava sendo "acompanhado" por um sargento das Forças Armadas.
Segue o relato:
No dia 24 de Março, na Faculdade de Educação da UFRGS, a Assembléia Nacional dos Estudantes - Livre (ANEL), juntamente com a Cunlutas, realizou sua atividade de calourada intitulada "As VErddes sobre o Haiti: Solidariedade sim, ocupação não!". A mesa contou com a presença de Otávio Calegari, estudante de Ciências Sociais da Unicamp que esteve no país durante o terremoto de 12 de janeiro, e VEra ROsane, doutoranda em educação pela UFRGS, servidora pública e militante do Movimento NEgro, representando o Quilombo Raça e Classe da Conlutas.
A atividade faz parte da campanha de solidariedade encabeçada por entidades como a ANEL e a Conlutas, que vêm desde antes do terremoto travando a discussão com estudantes e trabalhadores sobre a necessidade da retirada imediata das tropas braaileiras do Haiti. Frente a catástrofe ambiental, superdimensionada pelas condições sociais de extrema pobreza e exploração imperialista naquele país - que deixou mais de 200.000 mortos -, a campanha de solidariedade aos trabalhadores e trabalahdoras daquele país se tornou uma obrigação daqueles que lutam pelas bandeiras socialistas, da independência e solidariedade de classe,e a luta implacável contra o racismo.
A atividade contou com mais de cinquenta pessoas e arrecadou R$ 132,30 que serão enviados, através da Conlutas, para o Batalha Operária, uma organização autônoma da classe trabalhadora haitiana, em contraponto as doações que vem sendo entregues a ONG's e governos, e que tem sido administradas pelas tropas de ocupação e pela burguesia daqule país.
Um episódio lamentável
No decorrer da atividade, foi reconhecida a presença de um sargento das Forças Armadas, que estava infiltrado na atividade gravando todas as falas e intervenções. A denúncia foi feita no plenário e o homem se retirou. Os tempos da dita "democracia" relembram os naos e chumbo, durante a ditadura militar, em que o Estado infiltrava seus homens em locais de trabalho, estudo e organizãções para depois perseguir e torturar os militantes e ativistas de oposição ao regime. Reivindicamos uma manifestação da Reitoria da UFRGS contrária a repressão dentro dos portões dessa universidade.
Assembléia Nacional dos Estudantes - Livre - ANEL

Dicas e outros

Começo pelo ótimo site de notícias world socialist web site. Nele você encontrará em bom português boa informações sobre aquilo que a classe trabalahdora vem fazendo nesse mundão.
Uma dessas notícias pode ser encontrada aqui:
http://www.wsws.org/pt/2010/mar2010/ptfr-m26.shtml

Outra boa nova é o evento que acontecerá entre os dias 24 e 28 de maio na longínqua Marília, em São Paulo. Nomes como Altamiro Borges (grande nome do PC do B), João Pedro Stédile (um dos líderes do MST), Maria Rita Kehl (psicanalista com diversos trabalhos junto à Escola Florestan Fernandes), Ricardo Antunes (um dos grandes nomes nos estudos no campo do trabalho) estarão presentes no seminário realizado pela Unesp-Marília que discutirá, justamente, o mundo do trabalho. O evento está em sua sétima edição e as inscrições podem ser feitas online pelo site
http://www.fundepe.com/seminario/programacao.php

Segundo o blog o estopim (oestopimba.blogspot.com) manifestantes russos foram as ruas protestar contra a poítica econômica de Vladmir Putin. Veja a notícia completa:

Milhares de manifestantes foram às ruas em diversas cidades da Rússia em protesto contra a política econômica do governo. Os mobilizados pedem a saída do primeiro ministro Vladmir Putin - ex-KGB.

Após o colapso da URSS, a Rússia, uma das ex-repúblicas soviéticas, viveu um fenômeno conhecido caracterizado por máfias que disputam a pilhagem do Estado. Todas as conquistas da revolução de Outubro de 1917 foram pouco a pouco negociadas por gurpos paraestatais que levam o país ao caos econômico.

Na Russia e nos demais países do chamado "comunismo real", que quer dizer na verdade os países que experimentaram a substituição da propriedade privada pela coletiva, é impossível se falar em restauração do capitalismo de fato. A máfia compõe uma nova classe parasitária que sobrevive de tudo aquilo que o Estado soviético construiu. Dessa forma não há livre mercado, livre competição, que são, em tese, os elementos fundamentais para o desenvolvimento capitalista.

O proletariado russo vive um longo período de refluxo.

Se a frente de esquerda não consegeu unir psol e pstu, a marcha da maconha consegue. Entre os nomes que assinam o manifesto pela realização da marcha em São Paulo estão os de Plínio de Arruda Sampaio e José Maria de Almeida. Se você também quiser assinar o manifesto é só mandar um email para saopaulo@marchadamaconha.org.

Não é mentira, no dia primeiro de abril, e também do dia dois, o Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares (CAZP) estará realizando na RUA um debate sobre lutas e conjunturas.





terça-feira, 23 de março de 2010

Dos outros

A Paraíba vive uma realidade diferente, muit o graças a Guel Arraes e seus filmes (como O Auto da Compadecida e Lisbela e o Prisioneiro) e que de alguma maneira contribuem para o fomento e o investimento estatal.

Em Alagoas o marasmo na área é monstruso. Filmes como Lá vem o Juvenal!, documenbtário sobre um joquer alagoano que brilhou no Joquei Clube do Rio de Janeiro, são não só raridades como também obra de heróis.

É graças a essa conjuntura que grupos alagoanos que trabalham, ou tentam, com cinema em Alagoas produziram este manifesto que segue.

Manifesto por incentivo à cultura em Alagoas

ALAGOAS: TERRA SEM LEI

Único estado do Nordeste que não possui nenhuma lei ou mecanismo de incentivo à cultura

A expressão audiovisual alagoana é uma manifestação de nossas identidades, é espaço de reflexão do nosso passado para entender o presente e imaginar futuros.

A despeito de todas as dificuldades, nossa produção tem avançado no últimos anos. Porém, esse avanço deve-se muito ao esforço pessoal de cineastas na tentativa de produzir filmes sem recursos e até mesmo formação técnica necessária para os profissionais do cinema.

Alagoas é o úncio estado do Nordeste brasileiro que não possui lei ou mecanismos de incentivo à cultura em nenhuma das suas expressões artísticas e esferas governamentais. Na mesma situação está Maceió em relação às demais capitais da região, que através de editais e fundos de cultura municipais e estaduais deram grande impulso e projeção nacional e internacional à produção audiovisual de estados como Pernambuco, Ceará e Paraíba. Nossos vizinhos, os Pernambucanos, produzem mais de 10 longas-metragens e 20 curtas por ano através de editais de fomento do governo estadual.

Temos que evoluir da política de balcão e pires na mão para a construção de uma real política pública que garanta de forma justa os recursos financeiros suficientes para a produção de cultura com esmero técnico e qualidade. Os cienastas de Alagoas querem fazer cinema sem terem que sair de sua terra pela falta de recursos de formação e recursos para concretizar sua capacidade criativa.

Os prêmios conquistados, os editais nacionais ganhos e a boa acolhida de produções alagoanas em outras partes do Brasil deixam claro que o que nos falta não é talento. Falta memso é fomento, apoio e incentivo para que a produçaõ cultural de Alagoas cresça em quantidade e qualidade. Temos quase tudo para chegar lá, mas dependemos da consciência dos governantes, gestores e legisladores da importância do audiovisual e demias expressões artísticas para a construção e afirmação da cultura e identidade alagoana no cenário nacional.

O cineclube Ideário convia a sociedade civil e artistas alagoanos e brasileiros de todos os segmentos artísticos para unirem forças na Campanha por um mecanismo de Incentivo à Cultura no Estado de Alagoas.

sábado, 20 de março de 2010

Dos outros

Aproveitando o espaço e o potencial multiplicador, mesmo sem delírios, para colocar, aqui no blog, aquilo que acredito ser pertinente, mesmo que o autor seja outro.

Inauguro com meu ídolo no jornalismo esportivo. Em sua coluna na Folha de São Paulo desta semana, Juca não poupou ninguém: do presidente aos governadores de Rio e São Paulo. O assunto? A tal mudança nos royalties do petróleo, a manifestação carioca e a tentaiva de relacioná-la aos Jogos Olímpicos de 2016 e a Copa do Mundo de 2014.

Do blog do Juca:

Em bom português, estamos vendo uma escalada cujos nome são chantagem ou terrorismo.

Chantagem pura e simples, terrorismo com as perspectivas dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo.

Certamente se o Senado aprovar como está a emenda de Ibsen Pinheiro, e Lula não vetá-la, o Rio perderá muito, dinheiro que fará falta para manter o alto nível de segurança pública do Estado fluminense, assim como suas boas escolas e ótimos hospitais e estradas, para não falar dos aeroportos, saneamento básico etc. Só não se sabe o que é pior: se a demagogia em curso de Cabral ou o silêncio inicial de José Serra.

Sim, porque o governador de São Paulo chegou a dizer que sabia da emenda apenas “pelos jornais”, saída tosca para não se posicionar.

Claro que não era mera omissão, tão a gosto dos políticos que não querem se comprometer.

Era mentira mesmo, porque ninguém pode acreditar que um tema de tal importância não seja acompanhado de perto pelo governador do Estado mais poderoso do Brasil e, ainda por cima, candidato à presidência da República.

E de políticos desse tipo o país está farto, ou, isto é, deveria estar, porque continua a elegê-los.

http://blogdojuca.uol.com.br/

domingo, 10 de janeiro de 2010

MPB: o que é?

"Música é algo para celebrar, não podemos tratá-la apenas como algo para entreter, é feita para mudar nossa maneira de ser e existir", essas são palavras de Fernando Aniteli, idealizador da trupe O Teatro Mágico e um dos fundadores do movimento Música Para Baixar (MPB).

Se a primeira frase pode levar-nos a acreditar que um novo mundo está nascendo, a posterior nos recoloca os pés no chão: este fantasmo que quando você libera a música você está abrindo mão. Nós sempre liberamso nosso material na internet e isso nunca nos prejudicou, muito pelo contrário".

As possibilidades de acesso aos novos, e velhos, bens culturais estão claramente potencializados, mesmo assim, a segunda observação de Aniteli esclarece que esta relação traz à reboque todo um contexto economico, ou seja, existe uma relação direta entre 'fazer cultura' e 'gerar riqueza' (deixando claro que este gerar riqueza não é no sentido marxiano).

Movimentos como o MPB não se colocam como, necessariamente, contra-hegemônico, mesmo buscando mais espaço dentro da sociedade civil, se limitam a utilização dos novos meios como forma de gerar algum lucro. Obvio que esta alternativa é imposta por sistema onde a produção cultural é apenas uma de suas faces.

Este debate sobre hegemonia se faz necessário para que não se confunda os avanços advindos das novas tecnologias como o anúncio da boa nova, como sendo este o caminho para a ransformaçao social, pelo contrário, ali está localizado todas as contradições existentes no mundo real, inclusive a disputa de hegemonia. Não se pode negar os benefícios, no sentido de trazer para mais próximo da sociedade civil a possibilidade de escolher o que ouvir, ler, assitir, produzir, assim como não podemos nos cegar para a íntima relação entre o que consumido na internet, sim consumido, e sua divulgação em outros meios mais massivos: Globo e G1; Folha e Uol; Ivete Sangalo e os programas de auditório. Quando se fala dos grande benefícios da internet, muitas vezes se esquece que tudo não voltou ao ponto zero, que a Televisão ainda é o veículo mais utilizado para as pessoas obterem informação. Deixo clara estas considerações, vamos ao MPB.

O Teatro Mágico iniciou um movimento chamado MPB que se opõe a toda uma estrutura vigente que prega o "pagou tocou". Segundo Aniteli "isto não quer dizer estou dando de graça, não valorizo, não me importo, é justamente o contrário, você é dono da sua música, não mais a Gravadora X, Y ou Z, você cria as licenças sob as quais quer reger sua obra".

O líder da trupe falava dos Creative Commons, uma alternativa à reserva total do direito autoral, "um novo sistema, construído com a lei atual de direitos autorais, que possibilita a você compartilhar suas criações com outros e utilizar música, filmes, imagens, e textos online que esteja marcados com uma licença Creative Commons", segundo o site creativecomuns.org.br. O mesmo site um exemplo interessante para explicar o processo: um baixista resolveu gravar um disco com as músicas do White Stripes, apenas acrescentando seu baixo, até uma nova capa ele colocou, acrescida do teu nome. Um belo dia ele encontrou o líder da banda e perguntou se havia algum problema, como a resposta foi negativa, o baixista continuou fazendo o trabalho, mas teria de deixar de praticar sua arte se a banda não o quisesse e, pior, nem todos terão a sorte de encontrar com aqueles de quem ele gostaria de usar parte do material. Por isso, a sigla CC significaraia que parte daquele material poderia ser usado, desde que com certa ponderações explícitas pelo autor.

Voltando ao MPB, uma frase citada por Aniteli em seu texto chamou-se atenção: "segundo Pena Schimicht o que prevalecerá a partir de agora é o talento e não mais o investimento". Tranquilamente, esta é uma afirmação, no mínimo, inocente, acreditar que o capital ficará olhando a expansão deste acesso sem, no mínimo, gerar lucro é um equívoco, mesmo assim, não se pode negar que o público possue um poder maior de decisão agora, nas palavars de Aniteli "ele quem vai alimentar o site, as comunidades, a divulgação e os rumso do grupo" e explica a nova realidade: "muitas vezes éo fã apaixonado pela banda que vai colocar todo o conteúdo de maneira livre na internet, se não fosse isso, milhares de músicos permaneceriam de fora do cenário atual, há a possibilidade de trabalho (sim! Dinheiro!) neste novo cenário" e finaliza " o que estamos falando aqui não é sobre a qualidade dos trabalhos envolvidos", deixando claro mais uma vez que não estamos falando de luta por hegemonia e sim por espaço no mercado.


Outro membro ilustre do MPB é o cantor e compositor Leoni, autor de sucessos como só pro meu prazer, garotos e muitos outros, eternizados nas vozes de Cazuza e Paula Toller. Ele também falou qual deve ser real objeto, segundo ele, quando se permite baixar músicas, por exemplo: "a música grátis tem que fazer parte de uma estratégia para divulgar e vender, seja música, ingressos de shows ou merchandising".

"Faço parte do música para baixar porque acredito que não haja como controlar o compartilhamento de música na internet", continuou Leoni. Um dos exemplos lembrados por Leoni sobre a importância benéfica do download é o artista/disco fora de catálogo, colocado no ostracismo pela gravadora e fica a pergunta: que direito tem a gravadora de impedir a sociedade de ter acesso a um bem cultural?

Na ponta do lápis, o preço pago pelo artista por divulgar sua música na ineternet não é tão caro assim. Primeiro porque nem todo mundo que baixa a música compraria o cd, ou seja, a divulgação é bem maior, sem falar da questão do jabá, dinheiro pago pelos artista e gravadores para que suas músicas toquem nas rádios, como bem diz Leoni "se comparado ao jabá, o compartilhamento de arquivos é uma benção para os artistas".

Muita coisa ainda precisa ser discutida neste sentido. Sites como o do Teatro Mágico ou Música Liquida são boas pedidas para aqueles que queriam entender melhor esta questão de musica para baixar e as possibilidades de produzir cultura.






quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Consideções sobre a música "popularesca" e o movimento Música Para Baixar (MPB)


Quer um conselho? Vá ao banheiro. Está sem vontade? Mesmo assim, vá ao banheiro. Aproveite e beba água e pegue alguma coisa para beliscar antes de voltar a colocar a bunda ai onde ela está agora e continuar lendo esta reflexão.

O motivo do conselho? O que aparecerá a partir de daqui a pouco não só é por demais extenso, como também é deveras interessante. Vai lá, ouve o que eu estou falando, mija, bebe água, come alguma pocaria e volta.

Democratização Proletkult

Eu no teu lugar estaria me pergunta o que diabos é proletkult, já teria aberto uma página do google para encontrar o que isto significa. Se você não encontrou o tal termo, eu explico. O militante das CPT e integrante da brigada Audivisual da Via Campesina Thalles Gomes Camêllo nos oferece uma explicação.

Em seu artigo entitulado Democratização Proletkult Thalles inicia com o anúncio de um tempo que não veio, o da transformação social do mundo pela via tecnológica: "um cinema feito não para os trabalhadores, mas pelos trabalhadores, um cinema com cheiro de povo, com calos não mãos", diz o autor.

Após o sonho, o acordar, a realidade pula a janela e grita a triste constatação: "Avanço tecnológico não significa democratização". A última frase resume bem o pensamento inicial de Thalles, demonstrando que não é, necessariamente, dizendo o que fazer que encontraremos os novos rumos e gêneos. Estamso diante, senhoras e senhores, de um debate que engloba técnica e estética.

Para este debate faz-se necessário o resgate do período revolucionário soviético. Com o Estado nas mãos dos operários e camponeses, as lideranças soviéticas sentiram a necessidade de expandir o poder dos trabalhadores para além dos limites políticos. É nesta conjuntura que é criada a Proletkult, abreviação da expressão russa proletarskaya kultura que siginifica cultura proletária.


A proletkult nasce no período revoucionário de 1917, porém, desvinculado do partido bolchevique. A idéia central da organização era, basicamente, transformar trabalhadores em artistas, recaindo nas costas destes os fundamentos da cultura da nova sociedade, ou seja, para aquele que faziam parte da proletkult, os trabalhadores deveriam iniciar do zero os marcos de uma nova era cultural, negando toda e qualquer forma de arte anterior, e classificando-a de burguesa.

Além de dificuldades como a alta taxa de analfabetismo do povo russo, a tentativa de construir produções artísticas do zero parecia equivocada, com embasamento cultural medíocre os artistas proletkultistas não conseguiam sair do clichê, da vastíssima produção, nada sobrou de esteticamente duradouro.

Um dos principais críticos do proletkult, o revulucionário Leon Trotsky, classificou o que era produzido pelo grupo como não sendo arte: "arte mal feita não é arte", finalizou o revolucionáiro russo que acreditava que o conformismo com esta arte mal feita tinha como pano de fundo um certo desprezo pelas massas: "não se trata de marxismo e sim de populismo reacionário", ou seja, os proletários tinham direito a uma arte tão qualificada quanto sua revolução.

Neste sentido, a reflexão final de Thalles vem a calhar, numa perspectiva de dialogar paralelamente so dois momentos, passado e presente: "não seria, dessa forma, a inclusão digital dos dias de hoje uma espécie de democratização proletkult"?

O que quer dizer Thalles? Talvez que se unirmos o potencial, como ferramenta de reflexão, das artes, juntamente com a capacidade de criar da classe trabalhadora parece ser o marco-zero para uma real avanço neste debate, pois, com certeza, precisamos buscar manerias para a real prática emancipatória.

Do Brega "popularesco" ao Calypso

Identificar no cenário atual o que podemos chamar de brega parece bem mais difícil do que há alguns anos. Em um determinado momento da construção da identidade musical do brasileiro, parecia claro que brega era tudo aquilo que se relacionava com o gosto popular, enquanto boa música, entitulada curiosamente de música popular brasileira, seria tudo o que "a classe que consome" consumia.

Sendo assim, nomer como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque seriam representantes da "boa música", legítimos nomes da MPB. Já Bartô Galeno, Amado Batista e Reginaldo Rossi eram os representantes da música de má qualidade, ou seja, brega. Hoje, em um momento em que nomes como Zeca Baleiro ou Gal Costa morrem de amores por esses tais bregas a compreensão e separação entre ambos os campos é dificultada.

Depois de muito criminalizar os músicos que por anos fizeram a cabeça da periferia, nos dias atuais a grande mídia cede espaço em sua programação para divulgar os fenômenos "popularescos". Esta reabertura tem como marco inicial a popularização da Banda Calypso e como fenômeno mais recente a Banda Djavu, porém, este fenômeno, se é qua ainda podemos chamar assim este movimento, é muito maior do que pode filtrar a grande mídia.

Nas palavras do antropólogo Hermano Vianna, idealizador do portal overmundo e do programa da Rede Globo Central da Periferia, "é a periferia produzindo cultura para a própria periferia sem pedir licença para os grandes centros".

Provavelmente o grande exemplo deste novo momento é o Pará. O calypso o tecnobrega, o melody, o bregapop e vários outros ritmos que se utilizam de uma maneira muito original para produzir e distribuir seus bens culturais: "As músicas saem direto dos computadores dos estúdios periféricos e vão parar nos camelôs e no circuito das festas de aparelhagem", explica Vianna.


continua...