Total de visualizações de página

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Consideções sobre a música "popularesca" e o movimento Música Para Baixar (MPB)


Quer um conselho? Vá ao banheiro. Está sem vontade? Mesmo assim, vá ao banheiro. Aproveite e beba água e pegue alguma coisa para beliscar antes de voltar a colocar a bunda ai onde ela está agora e continuar lendo esta reflexão.

O motivo do conselho? O que aparecerá a partir de daqui a pouco não só é por demais extenso, como também é deveras interessante. Vai lá, ouve o que eu estou falando, mija, bebe água, come alguma pocaria e volta.

Democratização Proletkult

Eu no teu lugar estaria me pergunta o que diabos é proletkult, já teria aberto uma página do google para encontrar o que isto significa. Se você não encontrou o tal termo, eu explico. O militante das CPT e integrante da brigada Audivisual da Via Campesina Thalles Gomes Camêllo nos oferece uma explicação.

Em seu artigo entitulado Democratização Proletkult Thalles inicia com o anúncio de um tempo que não veio, o da transformação social do mundo pela via tecnológica: "um cinema feito não para os trabalhadores, mas pelos trabalhadores, um cinema com cheiro de povo, com calos não mãos", diz o autor.

Após o sonho, o acordar, a realidade pula a janela e grita a triste constatação: "Avanço tecnológico não significa democratização". A última frase resume bem o pensamento inicial de Thalles, demonstrando que não é, necessariamente, dizendo o que fazer que encontraremos os novos rumos e gêneos. Estamso diante, senhoras e senhores, de um debate que engloba técnica e estética.

Para este debate faz-se necessário o resgate do período revolucionário soviético. Com o Estado nas mãos dos operários e camponeses, as lideranças soviéticas sentiram a necessidade de expandir o poder dos trabalhadores para além dos limites políticos. É nesta conjuntura que é criada a Proletkult, abreviação da expressão russa proletarskaya kultura que siginifica cultura proletária.


A proletkult nasce no período revoucionário de 1917, porém, desvinculado do partido bolchevique. A idéia central da organização era, basicamente, transformar trabalhadores em artistas, recaindo nas costas destes os fundamentos da cultura da nova sociedade, ou seja, para aquele que faziam parte da proletkult, os trabalhadores deveriam iniciar do zero os marcos de uma nova era cultural, negando toda e qualquer forma de arte anterior, e classificando-a de burguesa.

Além de dificuldades como a alta taxa de analfabetismo do povo russo, a tentativa de construir produções artísticas do zero parecia equivocada, com embasamento cultural medíocre os artistas proletkultistas não conseguiam sair do clichê, da vastíssima produção, nada sobrou de esteticamente duradouro.

Um dos principais críticos do proletkult, o revulucionário Leon Trotsky, classificou o que era produzido pelo grupo como não sendo arte: "arte mal feita não é arte", finalizou o revolucionáiro russo que acreditava que o conformismo com esta arte mal feita tinha como pano de fundo um certo desprezo pelas massas: "não se trata de marxismo e sim de populismo reacionário", ou seja, os proletários tinham direito a uma arte tão qualificada quanto sua revolução.

Neste sentido, a reflexão final de Thalles vem a calhar, numa perspectiva de dialogar paralelamente so dois momentos, passado e presente: "não seria, dessa forma, a inclusão digital dos dias de hoje uma espécie de democratização proletkult"?

O que quer dizer Thalles? Talvez que se unirmos o potencial, como ferramenta de reflexão, das artes, juntamente com a capacidade de criar da classe trabalhadora parece ser o marco-zero para uma real avanço neste debate, pois, com certeza, precisamos buscar manerias para a real prática emancipatória.

Do Brega "popularesco" ao Calypso

Identificar no cenário atual o que podemos chamar de brega parece bem mais difícil do que há alguns anos. Em um determinado momento da construção da identidade musical do brasileiro, parecia claro que brega era tudo aquilo que se relacionava com o gosto popular, enquanto boa música, entitulada curiosamente de música popular brasileira, seria tudo o que "a classe que consome" consumia.

Sendo assim, nomer como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque seriam representantes da "boa música", legítimos nomes da MPB. Já Bartô Galeno, Amado Batista e Reginaldo Rossi eram os representantes da música de má qualidade, ou seja, brega. Hoje, em um momento em que nomes como Zeca Baleiro ou Gal Costa morrem de amores por esses tais bregas a compreensão e separação entre ambos os campos é dificultada.

Depois de muito criminalizar os músicos que por anos fizeram a cabeça da periferia, nos dias atuais a grande mídia cede espaço em sua programação para divulgar os fenômenos "popularescos". Esta reabertura tem como marco inicial a popularização da Banda Calypso e como fenômeno mais recente a Banda Djavu, porém, este fenômeno, se é qua ainda podemos chamar assim este movimento, é muito maior do que pode filtrar a grande mídia.

Nas palavras do antropólogo Hermano Vianna, idealizador do portal overmundo e do programa da Rede Globo Central da Periferia, "é a periferia produzindo cultura para a própria periferia sem pedir licença para os grandes centros".

Provavelmente o grande exemplo deste novo momento é o Pará. O calypso o tecnobrega, o melody, o bregapop e vários outros ritmos que se utilizam de uma maneira muito original para produzir e distribuir seus bens culturais: "As músicas saem direto dos computadores dos estúdios periféricos e vão parar nos camelôs e no circuito das festas de aparelhagem", explica Vianna.


continua...












4 comentários:

blog's homéricos disse...

adoreeeeeeeeeeei o continua.

isso é plagio.

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

amor, uma das melhores coisas que eu ja li. Vc escreve muito bem! o texto tá claro, intelectual, envolvente e explicativo com paciência. Vc parece que tá trazendo o leitor por uma linha imaginária..: vc tá no controle! :) Gostei. Desenvolva...
Quero um artigo disto.. tá perfeito.

TE AMOOOOOO!

Anderson Santos disse...

Realmente o movimento brega causou uma mudança na forma de distribuição de CD's. Se no Pará há as compilações dos melhores de cada artista num CD só e os produtores entregam às bancas para copiarem, Calypso vende CD a R$ 10 em shows.

Enfim, vou esperar a outra parte do texto para comentar o fato da "arte vir do nada", o que é tremendamente anti-marxiano.

Por hora, uma dica de leitura. No site que baixo músicas antigas boas e novas desconhecidas mas citadas por críticos, resolveram colocar para download Tati Quebra-Barraco e olha a discussão que deu: http://umquetenha.org/uqt/?p=6133#comments


São 102 comentários sobre o que é música popular e o que pode ser considerado bom ou não, quem pode considerá-lo,...

blog's homéricos disse...

valew a dica anderson!!

Unknown disse...

www.emma-actividades-musicais.pt