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sábado, 6 de agosto de 2011

Parte II

Encontrei um homem negro, alto, gordo. Ele pegou meu currículo e foi logo dizendo que não tinha vaga para repórter, mas que poderia surgir uma vaga na produção. Perguntou se me interessava. Respondi que sim. Ele disse qual o salário e o tempo de serviço e que quando surgisse a vaga me avisaria.

Voltei para casa achando que também não receberia o telefonema. Estava enganado. Menos de uma semana depois ele me liga, pede que eu vá a redação. Fui. Na redação ouvi o que jamais pensei sair da boca de um chefe de redação, aquelas coisas que você sabe, mas não escuta. E foi assim, na lata.

- Olha aqui é o seguinte, a gente tem um acordo com o governo, então tudo o que for contra o governador a gente esconde. Já sobre a prefeitura devemos criticar tudo, de problemas na comunidade a postos de saúde sem atendimento.

Eu simplesmente ouvi.

Com a chegada do período eleitoral, o tom ficou, curiosamente, mais brando. Acontece que neste período a justiça eleitoral costuma ser mais incisiva com partidarismo escancarado da imprensa. Vale lembrar que o pleito pelo cargo máximo do Estado colocaria frente a frente exatamente Governador e Prefeito.

Mesmo que as denúncias contra a prefeitura tenham amenizado, a emissora, por outro lado, cobria cada nova inauguração do Governo do Estado. A relação era tão íntima que os assessores ligavam para a redação não para informar do evento tal e sim para perguntar se o evento em questão já estava na capa de pauta.

Um comentário:

Débora Accioly disse...

Nojeira escancarada né? Acho legal que vc esteja escancarando isso tb..