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domingo, 18 de outubro de 2009

Conversa com o Governador

Na última quinta entrevistei o governador. Além de 2010, assunto complicado de conseguir respostas, ele falou de seu governo e de alguns problemas.

Quando falou de segurança pública, que não consta no jornal, foi muito claro: "até eu critico a segurança". O problema é o caminho para combatê-la.

Os número anunciados pelo governador não despertam alegria, na verdade, parecem números de quem se prepara para uma guerra: "200 novas viaturas e mais armamento para combater a violência".

Nenhuma sílaba sobre "reeducandos", ou "recuperados". Parece claro que a política de combate a violência não está preocupada com os atores da violência. Todos, inclusive nosso educado governador, parecem esquecer que os "assaltantes", "marginais", enfim, voltarão para a mesma realidade que viviam antes da prisão, isto é, se voltarem.

Segundo informações da Secretaria de Assistência Social do Estado, entre 2004 e 2006, 74 garotos foram mortos depois que sairam da casa de "reeducação" de menores, por sinal, a única no Estado.

"O Estado deveria ter unidades regionais, para tornar o adolescente mais próximo da sua família", disse o "senhor" Edmílson, que já foi diretor da unidade de "reeducação" e hoje trabalha na Secretaria.

O senhor Edmílson disse muito mais, se me permite, disse mais que o Governador. Falou casos absurdos como um em que o Governo Federal mandou verba para a construção de um campo (além do campo, os garotos contam também com quadra, piscina, cinuca).

Acontece que depois de construído, os meninos ficaram meses sem usar o campo. Sabe porque? Não tinha bola! Isso mesmo, o Estado "esqueceu" que não se joga sem bola.

"O número de adolescentes que entram na unidade de internação e sai reeducado é tão pequeno... precisamos rever nossas práticas", mais uma bela reflexão do "senhor" Edmílson.

As histórias (sim, com h) contadas por esse homem são de deixar qualquer filme ou livro de trerror no chinelo. Edmílson disse que entre 2004 e 2007, nove garotos foram mortos dentro do presídio: "não há mais porque os monitores impedem". A primeira ele ainda lembra "saudoso", foi de um menino, Picolé.

Outros relatos "curiosos" foram em relação a origem das brigas e opinião das mães dos "reeducandos" sobre a casa. O fato curioso, na origem das brigas, é que "as galeras" estão diretamente relacionas com os bois de carnaval. "Com as torcidas organizadas e com os bairros também, mas os bois é evidente", explicou o símpatico Edimílson.

Já as mães dos garotos responderam um questionário informal sobre o que achavam do local onde estavam seus filhos: "a maioria das mães acham que a unidade parece um hospital psquiátrico ou um presídio. Apenas uma disse que parecia uma escola. E era o que deveria ser né? ".

É seu Edmílson, era mesmo. Mas, enquanto os números mostrados pelo governo em relação a violência forem as novas viaturas ou o armamento novo, vou ter que ficar com sua última constatação: "quem entra neste mundo, com 25 anos está perdido".

2 comentários:

Débora Accioly disse...

É amor!

Dois comentários:

(1) Ótima escrita! Jeito sempre envolvente de conduzir o texto, faz com que a gente DESEJE ler o final.

(2) Com tanta informação que voce tem, e eu sei qe isso n foi 1/3, estarei no aguardo de mais dados, noticias e noticiarios. ;x

Amo voce.

orgulho

Anderson Santos disse...

Vê o caso recente do Rj. Ao invés de tentar unir morro e cidade, o Lula manda dinheiro para comprar helicóptero blindado. É mais que evidente que para o morador das favelas, o traficante o protege mais que o Estado, este que só aparece para matar um familiar seu e dizer que era bandido.

Seu Edmilson está totalmente com a razão.