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sexta-feira, 3 de outubro de 2008

14 e 15

Domingo à noite, logo após a carreata do 14 acontecer. Ele vai em casa, toma um banho, janta e vai pra casa da namorada. Depois de uns beijinhos e um tempo de silêncio, ele começa o assunto:
-tu não sabe o que aconteceu lá na carreata hoje.
-oxe, o que?
-o primo veio falar comigo umas coisas estranhas...
-aquele teu primo é estranho.
-pare de falar assim dele!
-sim, mas o que ele falou de tão absurdo?
-falando mal do 14...
-então ele é cara-preta! onde já se viu! a mãe dele recebe dinheiro do "cara" e ele ainda fala!
-mas ele falou do 15 também.
-ai não entendo! ele quer ser o prefeito é? ou quer morrer? porque o 14 já disse que foi o 15 que mandou matar esse povo todinho que anda morrendo por essas bandas.
-eu não sei o que ele quer. isso é o mais estranho de tudo. parecia que ele queria que nós fizessimos alguma coisa. ele dizia que esses ai já estão podres e que entende as pessoas como o meu pai e o seu que estão com a corda no pescoço e que vivem do dinheiro do "cara" . Mas ele falava que se o meu pai recebe 450 então imagina o quanto o cara tá tirando por fora? e quando eu falei q era melhor esse pouco que nada ele me olhou e baixou a cabeça e continuamos andando uns cinco minutos até chegar onde estavam os outros com o litro de 51...
-você bebeu? não tinha dito que iria parar depois de ter vomitado aqui na minha porta...
-espere menina! deixa eu dizer! então, depois que voltamos foi que ele colocou a mão no meu ombro e disse: "olha esse monte de gente! olha a cor deles! olha as roupas deles! agora olha lá no palanque! eu estarei sempre aqui com vocês primo, esperando o dia em que vocês estarão comigo!" o que você acha que ele quis dizer com isso?
-eu sei lá! eu só sei que papai já veio umas duas vezes aqui na porta enquanto tu falava. já tá na hora de ir.

Assim, eles se separaram com um beijo e um até amanhã. ele foi no bar do evandro tentar encontrar o primo e pedir explicação daquilo que ele tinha dito mais cedo. ela? foi assistir.

Um comentário:

Anderson Santos disse...

Taí "primo", pela primeira vez na vida, acho, discordei do que votaram os meus familiares, apesar de entender os seus porquês.

Boa história leitoral.