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segunda-feira, 30 de março de 2009

frases homéricas

"Brega? Não sei o que é brega. Outro dia eu estava escutando o disco da Perla no carro". (Fernanda Takai, vocalista do Pato Fu, falando sobre um de seus gostos musicais. Frase retirada da Playboy de Setembro de 2006. Tu não lê a Palyboy? Tá perdendo um baita conteúdo jornalístico!)

sábado, 28 de março de 2009

frases homéricas

"Os comentários são de estupefação, com gente exagerada, desavisada e/ou irônica comparando: 'Imagina! É como se o Fernando Collor de Mello voltasse a ser eleito para cargo público no Brasil!"' (reirada do otimo blog, sobre futebol espanhol, buela de capotón, sobre a possível candidatura de Ramón Calderón (que renunciou, em fevereiro, acusado de fraudar uma assembléia) para a presidência do Real Madrid, eleições que devem acontecer em junho. Imagina! O Collor eleito no Brasil? Como mostra aquela propaganda da OI, o brasileiro aceita tudo, menos pagar multa para mudar de operadora! O que a Oi tem a ver com Collor? A palavra privatização pode ser um bom começo.)

sexta-feira, 27 de março de 2009

frases homéricas

"Verdadeiros hippies ainda acreditam que deixar os outros rezar para qualquer deus, dormir com qualquer adulto que concorde, comer, beber ou ingerir o que quiser e dançar com qualquer música. Verdadeiros hippies são evolucionários, não revolucionários. Nós convencemos os outros com palavras, não com arma. Acreditamos apaixonadamente em democracia e livre-iniciativa (mas não no capitalismo)." (Frase do escritor John Basset McCleary na Playboy de agosto. E eu jurando que ser hippie era viver largadão, usar aquelas roupas coloridas, "fumar um", fazer aqueles artesanatos... parece que é muito, muito mais!)

quarta-feira, 25 de março de 2009

Cultura x Dinheiro ou O fim da "discografias"

Acesso a cultura e ao entretenimento. Esse é o discurso dos defensores da "revolução digital". Revolução, palavra cara , deveria ser usada com mais cuidado e está na boca de poucos! muitos proclamam: "a nova era chegou". Será? O que aconteceu no último dia 16 de março é uma amostra de que as coisas não são tão bonitinhas assim não.

Em Setembro do ano passado, tivemos a "grande" Biscoito Fino conseguindo vencer a queda de braço com um dos maiores blogs com acervo musical do Brasil, o Som Barato: "Neste mês de setembro de 2008 foi fechado o blog Som Barato que disponibilizava músicas para download gratuitamente. Responsável por um dos maiores e mais respeitados trabalhos de resgate, divulgação e preservação da música brasileira".

O som barato voltou, ainda continua fazendo seu trabalho de, antes de mais nada, divulgação da boa música brasileira, em especial do novo e do velho, coisas que não escutariamos se não fosse a internê e coisas que nem nossos pais conheceram. Um trabalho belíssimo que, como diriam em Prison Breack, "A comapnhia" tentou acabar.

Porém, eis que no último dia 16 eles voltaram. Desta vez, o alvo é maior, nada mais, nada menos que a comunidade "discografias". Pois é, desde segunda passada que a comunidade não oferece mais links para download. O motivo? deixe que eles falem:

"Informamos a todos os membros da comunidade "Discografias" e relacionadas (Trilhas Sonoras de Filmes, Trilhas Sonoras de Novelas, Coletâneas (V.A.), Pedidos, Dicas/Dúvidas e Índice Geral), que encerramos as atividades devido às ameaças que estamos sofrendo da APCM e outros orgãos de defesa dos direitos autorais.

Nosso trabalho foi árduo para manter as comunidades organizadas, sem auferir nenhum tipo de vantagem financeira com elas, somente com o intuito de contribuir de alguma forma para a cultura e entretenimento.

Não é com o fechamento desta comunidade e outras equivalentes que as gravadoras irão aumentar seus lucros.

Muitos artistas perderão seus meios de divulgação.

Milhares de membros terão que procurar outras atividades no Orkut que não seja o download de músicas e afins. O número de sites e blogs de conteúdo similar, mais programas como eMule, limewire, de torrents e outros P2P, cresce em progressão geométrica.

Perdem eles, perdemos todos, mas enfim, tudo em nome do dinheiro das grandes corporações. Nada em nome da cultura.

Tais entidades de defesa dos direitos autorais, como a R.I.A.A. nos Estados Unidos e APCM no Brasil, que é a representante legal de:

UNIVERSAL MUSIC DO BRASIL LTDA.;
WARNER MUSIC BRASIL LTDA.;
SONY - BMG BRASIL LTDA.;
SIGLA - SISTEMA GLOBO DE GRAVAÇÕES AUDIO VISUAIS LTDA;
EMI MUSIC LTDA.;
COLUMBIA PICTURES INDUSTRIES INC.;
DISNEY ENTERPRISES INC.;
METRO-GOLDWYN-MAYER STUDIOS INC.;
PARAMOUNT PICTURES CORPORATION;
TWENTIETH CENTURY FOX FILM CORPORATION;
UNIVERSAL CITY STUDIOS INC.;
WARNER BROS.;
UNITED ARTISTS PICTURES INC.;
UNITED ARTISTS CORPORATION;
UBV - UNIÃO BRASILEIRA DE VÍDEO E ASSOCIADAS

Sendo ainda representante de IFPI - International Federation of the Phonographic Industry e MPA - Motion Picture Association no Brasil, se dizem "sem fins lucrativos", vamos acreditar nisso, né gente? Como todos acreditam nas histórias da carochinha."

frases homéricas

" Existe pobre até no paraíso" (comentário sobre o anime/mangá bleach. Para aqueles que pensam que desigualdade social é coisa dos pecadores terrenos. Não conhece bleach? azar o seu!)

terça-feira, 24 de março de 2009

frases homéricas

"Havia também dois tipos de homem. O homem fundamentalista: barba, camisa para fora da calça. O homem progressista: barbeado, com ou sem bigode, camisa pra dentro da calça." (Marjane explicando, novamente no Hq Persépolis, as "diferenças entre um e outro tipo de homem no regime fundamentalista instalado no Irã após a queda do Xá. Pera ai! Barba e camisa pra fora? Esse sou eu!)

segunda-feira, 23 de março de 2009

frases homéricas

Tentarei, a partir de hoje, colocar uma frase por dia aqui no blog. A idéia central é que seja algo que tenha lido ou ouvido no dia em questão, mesmo que a frase seja antiga. Como não costumo cumprir minhas promessas, não adianta reclamar se as frases pararem do nada.

Aqui vai a primeira: "A verdade é que, enquanto existir petróleo no Oriente Médio, não vamos saber o que é paz..." (frase do pai de Marjan no HQ Persépolis. Não sabe o que é Persépolis? Azar o seu!)

quinta-feira, 12 de março de 2009

"Como viver na cidade com o 3º pior IDH do Brasil?" repercussão (parte II)

Antes de falar dos comentários dos "desconhecidos", só queria lembrar algumas coisinhas. O Fantástico de 8 de março voltou a falar de Traipu. Segundo a matéria: "Depois que o Brasil conheceu Dona Noêmia, ela começou a receber ajuda. Um supermercado passou a dar uma cesta básica no valor de R$ 100 por mês. Gente de todo o Brasil está enviando dinheiro e se oferecendo para dar bolsa de estudo para os três filhos dela."
fonte: http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1034147-15605,00-O+QUE+E+DESENVOLVIMENTO+HUMANO.html).

Pois é, a estória da boneca que chora, que dona Noêmia conta, serve para exemplificar bem a dramatização da matéria, até ai, algo que não consigo criticar. Primeiro por conhecer, minimamente, a linha editorial do programa. Segundo pelo mais óbvio: não é possível mostrar todo mundo. O que eu quero dizer? Simples! Dona Noêmia é só um exemplo, milhares delas estão espalhadas por Traipu e se alguém consegue dormir com a cabeça tranquila porque deu uma boneca que chora, como Maristela, eu continuo pensando nos meus amigos que se foram mesmo querendo ficar!

Segundo uma "fonte" (nem sei se posso usar esse termo, nem sou jornalista ainda) outro evento interessante está acontecendo depois da matéria. O número de carros pipa subindo e descendo aumentou. O prefeito, que não é bobo, abafa o povão até tudo voltar a "normalidade". Além disso, parece que temos traipuenses que leram meu texto e pretendem levá-lo para a cidade. Por mim, tudo bem. Só espero chegar lá vivo quando for visitar minha mãe. Um exemplo é Gilmara. Saiu de Traipu por causa do desemprego e lembrou que nosso povo é trabalhador e inteligente.

Uma solução apontada por Adriano e "indignado" foi a educação. Uma boa polêmica, mas prefiro ficar com a opinião de "anônimo". Segundo ele(a), a miséria está lá graças ao governo. Eu complementaria: governo e oposição! Pega tudo e joga no lixo! "Anjo del noche", traipuense também, disse que sentiu a mesma indignação que esse que vos escreve. Falou da beleza da cidade contrastando com o esquecimento político.

Gildo e Angela (uma conhecida que apareceu aos 45 do segundo tempo) também colocaram suas opiniões sobre nosso papinho. Sendo Gildo mais um filho da terra, tendo família em um dos povoados da cidade (Santa Cruz é o nome do lugar, tem até um bom time lá). Gildo, Gilmara, "Anjo del Noche" e "anônimo". Todos, assim como eu, possuem alguma ligação com Traipu, todos sentimos alguma indignação. todos sabemos que algo (ou "algos") precisa ser mudado!

Outra vez, coloco um comentário por inteiro, uma informação que, acredito eu, é das mais importantes dentro desse espaço, uma reflexão especial para os comunicólogos, comunicadores, enfim, multiplicadores de informação. Assim fala Ana Lúcia: "você está de parabêns por essa matéria,falou tudo que eu gostaria de dizer e que não é mostrado pelos jornais locais como você mesmo falou."
O que eu posso dizer? Pertinente! Porém, o que acham de começarmos? Se a mídia corporativa não faz (e nunca fará em plenitude e nós sabemos o motivo), "façamos nós por nossas mãos, tudo o que a nós diz respeito!"

segunda-feira, 9 de março de 2009

"Como viver na cidade com o 3º pior IDH do Brasil?" repercussão (parte I)

Foram 12 comentários aqui no Conversa Pertinente (uns repetidos, outros apagados). No site da gazetaweb mais 9, além das respostas pelo email e orkut. Uma repercussão massa. Algo que me faz até ter medo de chegar em casa, em Olho d'água da Cerca, povoado de Traipu, e ser "acidentalmente" morto, ou, pior, minha mãe querer me bater. Quero começar agradecendo ao meu pai, por ter dito que fiz a coisa certa, que sentia orgulho. Ele também é um "que foi querendo ficar", aquele que mais sinto falta.

Acabei de escrever na manhã da segunda-feira. Li, gostei e dei uma leve arrumada para enviá-lo para minha lista de emails. Era uma segunda chuvosa, mesmo assim, fui à xerox imprimir uma cópia para colocar aqui na RUA (Residência Universitária Alagoana). Volto ao computador e leio o email de Wanessa, a primeira a comentar, perguntando se poderia fazer algo. Entrei no msn e deixei uns recados dizendo que ela poderia fazer o que bem entendesse. Resultado: o "bagulho" foi parar no site da gazetaweb. Essa brincadeira que escrevo aqui é de agradecimento. Sendo assim, valeu Wanessa, por ter possibilitado uma maior divulgação.

A amiga Sara me respondeu por email. Achou massa o texto ter mostrado o que a matéria não mostrou. Jobson está morando em Fortaleza e falou dos absudos que perguntaram para ele depois da matéria. Meu grande amigo Rafael foi econômico nas palavras: "um tapa na cara". Já Isis preferiu a polêmica e uma boa dose de provocação. Ela espera que o artigo ultrapasse os limites do blog ou da academia e sugeriu que o mesmo deveria chegar ao povo de Traipu. Não há nada que eu queira mais que isso Isis. Agradeço também a Leila (que lembrou de mim quando viu a matéria), Bruno, Daiane, Bruno Félix, Salomão (que falou de meus erros gramaticais), Valdemir (que falou a palavra político três vezes num comentário de duas linhas, eles devem ter mais culpa do que imaginava!) e Guilherme (que lembrou que a saída é pela esquerda!).

Além de todos esses, três pessoas merecem destaque especial. Um é Júlio Arantes. Pelos olhos cheios de lágrimas, pela honra de ser minhas as palavras que lhe faltaram, pelo espaço no mural da Tv Educativa.

Outro é meu leitor fiel, senhor Anderson. O cara comentou no meu blog, no site da gazetaweb e ainda me mandou um email. A sua "grata surpresa" ao ler algo assinado por mim na gazetaweb foi tão grande quanto a minha.

Mas, o melhor vem de Noemia Bito. Aqui vai o que me escreveu, na íntegra:

"Homero,
obrigada pela mensagem, quase desabafo.

Em Matriz de Camaragibe, ainda em Alagoas, a prefeitura passou dois mandatos na mão de Cícero Cavalcante, cujo nome foi envolvido no processo dos Gabirus, que depois deixou na mão do vice, e hoje está na mão da esposa, mesmo ela tendo sido retirada pela justiça meses antes, mesmo o povo tendo eleito outra pessoa.

Tudo parece fantasia, mas faz o povo alagoano ser cada vez mais tido como otário. Otário. Porque já não dá para ter pena. Tá começando é a dar raiva. Seja de uma elite que se faz elite por sobre a miséria dos adultos, da expulsão dos jovens do campo, deixando pais desamparados, e dos caixões de compensado e TNT branco das crianças, seja de uma população que, consciente das safadezas dos políticos fica de mãos cruzadas ou abanando.

Vejo o mesmo na cidade de Barbalha, no interior do Ceará, de onde meus primos saem para cortar cana em outros Estados. Sinceramente, tenho até raiva de mim."

Eu também tenho raiva de mim Noemia, eu também tenho...

Esses foram os comentários dos conhecidos. Depois teremos os desconhecidos.

sábado, 7 de março de 2009

Você não vale nada mas eu gosto de você

(texto sem revisão. quem se interessa por regras gramaticais pare agora mesmo)

No último domingo, 22 de março, estiveram no Domingão do Faustão A atriz Dira Paes e a banda Calcinha Perta. O motivo? A personagem Norminha e sua trilha na novela.

Eu já sabia que a banda Calcinha Preta faria parte da trilha sonora da novela Caminho das Índias. Uns dois meses atrás, li num site que a banda seria a primeira, de forró, a fazer parte de uma trilha de novela das oito. Na época fiquei intrigado: "Ué, a novela não é sobre a Índia? Vai ter núcleo nordestino?". Nada disso, a música interpretada pela Calcinha é uma velha conhecida dos nordestinos (gostem eles de forro ou não). "Você não vale nada mas eu gosto de você" embala as aparições de Norminha.

A escolha da música parece não ter nenhuma relação com o nordestino, apontando um caminho "global" do forró. Segundo o diretor musical da novela, Mariozinho Rocha, a música foi escolhida pela própria Glória Perez (autora do folhetim): "Glória me mostrou dizendo que era a cara da personagem" (retirado de O Dia online). Norminha é uma personagem que se insinua para outros homens mesmo sendo casada.

Dorgival Dantas é o compositor. Mais que isso, o cara é o principal compositor do forró nos dias atuais. No ano passado, teve, nada mais, nada memos, que a música mais tocada em shows no Brasil (Coração), além de muitas outras como: a praia, nós dois, primeiro passo.

Pronto, já falei da banda, da música e do compositor. Da novela, a autora e sua personagem. Agora vamos ao que interessa: O que diabos uma música de forró está fazendo numa novela das oito? e mais: qual sua relação com o nordeste na novela.

Primeiro, gostaria de deixar claro uma coisa. "Você não vale nada mas eu gosto de você" é igualzinho minha relação com o forró. Eu sei que o som é problemático, mas, sei lá, eu gosto dele. Por isso, me sinto tranquilo para criticá-lo.

A música de Dorgival Dantas é de 2004, bandas como Aviões do Forró, Solteirões e Saia Rodada cansaram de cantá-la em seus shows. A letra talvez seja machista. Eu prefiro o termo vaga. Sim, porque tudo o que ela diz é que a mulher não vale nada e a mulher responde que quer ver o cara sofrer. Não se sabe porque ela não vale nada ou porque que ela quer que o pobre rapaz sofra. Como a maioria das letras de forró, dançar e esquecer que alguma coisa está sendo falada é o segundo melhor remédio (o primeiro é a analise crítica).

A personagem de Dira Paes é casada e, provavelmente, trai o marido. Digo provavelmente porque, segundo telespectadores da novela me falaram, não foram mostradas cenas dela cometendo o adultério. Apenas umas cantadinhas num jovem indiano. Então ai está: a letra serve para mostrar que Norminha não presta, mas, mesmo assim, seu marido gosta dela. Seria lindo se não fosse machista. Tenho certeza que se o traidor fosse o homem, o tema seria algo mais malandro, mostrando como o cara é conquistador. Agora, como quem trai (pior que a pobre nem traiu ainda!) é a mulher, ela não vale nada.

A escolha da música não é surpresa, mesmo sabendo que quem escreve a novela é uma mulher, pois, não é de hoje que as novelas globais discriminam movimentos sociais, pobres, mulheres homossexuais e por ai vai...

A surpresa está em quem interpreta a música. Como eu disse, a música não é nada nova (levando em consideração a rapidez com que esses fenômenos aparecem e desaparecem), e mais: quem cantava nos seus shows e em seus cd's gravados ao vivo não era a Calcinha Preta. Então, como isso aconteceu? Minha teoria é a seguinte: A Calcinha não vem fazendo shows em Sampa e aparecendo no Rio por nada. O motivo é seu novo dono: Roberto Carlos (não o cantor e sim o jogador de futebol). Na verdade ele não é bem o dono, a banda ainda pertence a Gilton Andrade, mas a produtora que divulga seus shows é do jogador. Graças a isso, o espaço na mídia nacional tem rolado com bastante frequência.

Antes da novela, a música fez parte datrilha do filme Chega de Saudade. Provavelmente, Glória ouviu a música e achou a cara de sua personagem. Só que no filme é a banda Luar do Sertão quem canta. A autora deve nem ter se importado com isso, ligou para Mariozinho e disse: "quero essa música na novela". Ele ligou para a produtora: "alguém ai canta essa música?". E, finalmente, o baixinho de Maceió começou a cantar: "você não vale nada..."

A pergunta que fica é: qual a relação dessa música com a cultura nordestina? A resposta? nenhuma! É triste saber que a primeira música de forro numa novela das oito não representa o nordeste. Pior! Denigre a imagem da mulher. Pior ainda! Eu não estou surpreso...


segunda-feira, 2 de março de 2009

Como viver na cidade com o 3º pior IDH do Brasil?

Não vive. Quem assistiu a matéria exibida no Fantástico da Rede Globo no último domingo, 1º de março, deve ter se perguntado isso. A resposta está no número de amigos perdidos para as grandes cidades (São Paulo, Aracaju, Rio de Janeiro, Campina Grande, Recife). Além dos que tentam alguma coisa na vizinha Arapiraca. Alguns vão embora pela curiosidade, conhecer a cidade grande, essas coisas que a Tv e os amigos que foram e voltaram, "gastadores", vivem falando.

A água também é uma grande culpada, mas, não essa que apareceu na reportagem, a potável, de beber. A matéria mente, inclusive, mostrando imagens do rio e cortando para um povoado muito afastado do mesmo. Traipuense bebe água amarelada e não se envergonha de tomar banho de rio, na fonte ou de balde. Não procede a informação de que o motivo da ausência se água é a sujeira do rio. O rio está sujo sim, mas as casas na cidade, região onde o rio passa, tem água encanada.

O problema está nos povoados, como no Sítio São José (ou manoéis, como é conhecido popularmente um dos povoados mostrados na reportagem e afastado da cidade). A falta de água que realmente incomoda o povo é a esquecida por São Pedro. Chuva significa terra molhada, roça de feijão, milho e mandioca farta, gado gordo, dinheiro para a festa do povoado e para gastar no bar do Evandro.

Mesmo assim, o grande problema de Traipu não é a falta de água, é falta de vontade política. É por causa dela que a maioria dos meus amigos foi embora, sem perspectiva de emprego, vendo seus irmãos passando necessidade, pegam a primeira oportunidade e vão embora. Todos os homens da minha idade ou pegaram o rumo ou estão casados, vivendo da roça.

A culpa é da falta de escola? Vamos ver: Eu tenho um amigo, seu nome é Célio. Ele terminou o ensino médio e se negou a ir embora com seu irmão para São Paulo. Resultado: está casado, tem uma linda menina e... trabalha na roça. O pai de Célio, Messias ( "seu" Missía para nós) é semi-analfabeto .Como ele ganha a vida? Trabalhando na roça! Qual a real diferença entre um e outro? O conhecimento adquirido? Bobagem! a qualidade da educação em Traipu é do tamanho de seu IDH!

Não estou dizendo que a educação escolar não serve pra nada, na verdade, são várias as utilidades: matar um horário na roça, paquerar um pouco, tomar banho no rio, jogar bola no "ribeirão", beber com os amigos e, claro, assistir aula numa sala de cinquenta, sessesta alunos (isso quando o ônibus da prefeitura vai pegar o pessoal), com matérias sem professor.

O que estou querendo dizer é que mesmo se a educação fosse a melhor do mundo, sem local para trabalhar, essas pessoas iriam embora e o lugar continuaria do jeito que está. Quer saber qual o grande probelma de Traipu? A oligarquia! Duas famílias e seus respectivos bandos tem a cidade inteira nas mãos. Não cria-se emprego, Claro! Muito melhor manter essas pessoas vindo uma vez por mês pegar dinheiro na prefeitura, pagando sua conta de luz.

São as famílias de Marcos Santos, que governa a cidade a 8 anos (quatro seus e quatro do sobrinho) e acabou de ser reeleito, mesmo tendo acabado de sair da cadeia acusado por formação de quadrilha na Operação Carranca, e de José Afonso, que foi prefeito da cidade antes de Marcos e graças aos 16 processos por improbidade administrativa, hoje, coloca sua mulher como candidata. Ambos transformaram o IDH de Traipu num dos menores do país, 0,479, comparado a países como o Haiti (o menor IDH das Américas).

A matéria da Rede Globo tenta dramatizar a situação, caricaturando Traipu, transformando-o em município seco. Certo, mas o que isso o diferencia dos demias municípios do agreste e sertão nordestino? A seca se espalha por toda essa região e nem todos esses lugares são tão miseráveis! A diferença está naquilo que a matéria não mostra, claro, como poderia! Nem os jornais locais mostram! O problema é a sede de poder, a ganância, a corrupção. O sistema é errado? Sim! Mas em Traipu, mais que em qualquer outro lugar nesse estado, "alguns animais são mais iguais que outros".

POR MEUS AMIGOS QUE FORAM EMBORA, MESMO QUERENDO FICAR!